Policiais civis e militares
participam, há quatro dias, de uma perseguição a suspeitos de participar de um
assalto a um shopping de Caraguatatuba (no litoral de São Paulo). Até a noite
desta terça-feira, dez suspeitos já tinham sido morto e cinco, presos.
A quadrilha entrou no Serramar
Parque Shopping, no bairro Pontal Santa Marina, por volta das 4h30 de sábado, e
rendeu os seguranças. Os bandidos explodiram os nove caixas eletrônicos
instalados no local e ainda furtaram quatro lojas, entre elas uma joalheria.
O bando fugiu por uma fazenda que
dá acesso à zona rural da cidade e com áreas de mata fechada. A única saída
para quem trafega pelo local é a estrada que liga Caraguatatuba a Salesópolis.
A polícia cercou as vias de acesso ao local.
De acordo com a delegada
seccional do litoral norte, Nilze Scapulatiello, as polícias Militar e Civil
foram acionadas logo após o crime e foi pedido reforço do COE (Comando de
Operações Especiais), cujos homens são treinados para atuar em mata.
“Como eles não fugiram pela
rodovia, que já estava cercada, só tinham duas opções: ou pegavam a estrada
para Salesópolis ou entravam na mata. Eles optaram pela segunda”, disse a
delegada.
Ao perceberem a ação da polícia,
os assaltantes abandonaram na estrada da Limeira os três carros utilizados no
roubo: um Space Fox, um Honda Civic e um Toyota. Todos eram produto de furto ou
roubo.
Desde o final de semana,
ocorreram vários confrontos entre policiais e os criminosos. O maior número de
mortes ocorreu nesta terça-feira (18), quando seis suspeitos de envolvimento
com o assalto ao shopping foram mortos.
“Quem se rendeu foi preso. Quem
não se rendeu entrou em confronto com a polícia e o resultado foi esse que
vimos aí. Preferia que todos estivessem presos, mas não teve jeito, os
policiais não tiveram outra opção”, afirmou a delegada.
A polícia recuperou R$ 160 mil
roubados, além de relógios e outros objetos furtados. Com os bandidos
encontraram ainda dois fuzis com mira telescópica, dois revólveres e quatro
pistolas.
A polícia disse que podem haver
mais criminosos na região de mata. Até esta terça-feira, cerca de 450
policiais, entre civis e militares, participaram das buscas pelos criminosos.
Apenas hoje, 70 homens estiveram no local.
CONFRONTOS
No sábado à noite, a polícia diz
que houve uma troca de tiros que resultou na morte de um dos suspeitos.
Na madrugada de segunda-feira,
houve novo confronto que resultou na morte de três suspeitos. Sem preparo para
percorrer mata fechada e sem alimentos, aos poucos eles foram dando pistas de
sua localização. Segundo a polícia, eles trocaram tiros com integrantes do COE,
em área de mata atlântica próxima ao bairro Poço da Anta.
O maior número de mortes ocorreu
nesta terça-feira (18), quando seis suspeitos de envolvimento com o assalto ao
shopping foram mortos. Por volta das 6h, moradores do Poço das Antas avisaram à
polícia que os cães estavam latindo mais do que o normal e que suspeitavam da
presença de estranhos na localidade.
Policiais foram ao local
averiguar e não encontraram ninguém. Quando estavam indo embora, no entanto,
ouviram sons vindos da mata e tentaram fazer a abordagem, sem êxito. Segundo a
polícia, os suspeitos começaram a atirar na direção dos policiais, que
revidaram, acertando e matando outros três homens.
Ainda na manhã de hoje, outro
grupo de seis suspeitos tentou fugir para Salesópolis e roubou um Palio de uma
empresa. Os ocupantes do carro foram amarrados com os cadarços dos tênis e
deixados à beira da estrada.
O helicóptero da polícia os
localizou e houve novo confronto e troca de tiros com policiais em terra,
informou a delegada. Dois policiais foram atingidos na perna, e o grupo
conseguiu fugir.
Um pouco mais adiante, os
bandidos renderam os motoristas de um caminhão e de uma Kombi e deixaram o
primeiro como bloqueio no caminho enquanto usavam a Kombi para continuar a
fuga.
Em Biritiba Mirim, o bando se dividiu.
Alguns renderam um funcionário de uma base da Polícia Militar, fazendo-a refém,
enquanto outros invadiram uma escola. Segundo a delegada, não havia movimento
na escola e os bandidos escaparam. Outra troca de tiros ocorreu nas
proximidades por volta das 11h, segundo a polícia, que resultou na morte de
mais três suspeitos.
Depois de negociações, a mulher
mantida como refém foi liberada, e os outros três suspeitos, presos e levados
para o Centro de Detenção Provisório de Mogi das Cruzes.
Com idades entre 23 e 34 anos, os
suspeitos eram das cidades de Santos, Bertioga e Guarujá, todas no litoral
paulista. Todos tinham passagem pela polícia, com exceção de um morador de
Caraguatatuba, que deu dicas aos assaltantes e acabou preso.
Folha de S. Paulo
