Com presença ainda tímida na realidade brasileira, a
Internet das Coisas (IoT) vem ganhando espaço com o passar dos anos. A ideia da
IoT é ter objetos utilizados no dia a dia conectados em rede, para que possam
ser controlados a distância por computador ou smartphone e, assim, tragam uma
vida mais prática e dinâmica para os usuários.
As smartTVs são, atualmente, um exemplo de como funciona
essa tecnologia. Com acesso à internet, elas podem ser diretamente conectadas a
serviços que fornecem música ou filmes. A tecnologia pode se estender de forma
adaptada a outros objetos, eletrônicos ou não: tênis com conexão GPS para
auxiliar em trilhas, geladeiras que mudam a potência em horários programados ou
podem ter a porta bloqueada por senha e fogões que funcionam sozinhos por
ativação remota.
As novidades trazem praticidade a muitas tarefas rotineiras,
mas podem representar um perigo para a segurança de dados dos usuários, alerta
Christiane Santos, professora do Instituto Federal de Goiás (IFG), mestre e
pesquisadora em engenharia elétrica e computação.
“A partir do momento em que
você coloca inteligência em um aparelho, não se sabe se aquela empresa, que
antes se preocupava apenas em manter seu alimento resfriado, também está
preocupada em manter a segurança da sua informação. Acaba que você tem uma
série de dispositivos que ficam te ouvindo o tempo todo”, disse neste Sábado (17), em
palestra na Campus Party Brasília.
De acordo com Christiane, aplicações da Internet das Coisas,
como a automação residencial, podem trazer muitas soluções e tornar uma casa,
empresa ou qualquer outro local inteiramente inteligentes. No entanto, é
necessário ficar atento às configurações dos equipamentos utilizados para
evitar casos de espionagem.
“As empresas têm interesse em ter os dados”, alerta
a pesquisadora. Segundo ela, com as informações pessoais coletadas os
fabricantes podem identificar padrões de comportamento e entender o que é de
interesse dos consumidores.
Em fevereiro deste ano, autoridades alemãs fizeram um alerta
contra uma boneca que poderia ser hackeada para monitorar crianças. A ideia do
objeto, afirma Christiane, era interessante, semelhante a uma babá eletrônica.
“A boneca conversava com as crianças com a voz dos pais, e eles podiam ver as
crianças pelos olhos [do brinquedo]”, conta. No entanto, a conexão da boneca à
rede deixava as crianças em situação vulnerável devido à configuração do
produto: “os dados [da interação] ficavam armazenados e podiam ser usados para
espionar”, explica.
Como se proteger
Ficar atento à configuração dos dispositivos é fundamental
para manter a segurança da informação nos dispositivos conectados em rede. A
pesquisadora alerta que muitas pessoas têm o hábito de manter o padrão que vem
de fábrica em todos os aparelhos. “A maioria, quando compra um dispositivo,
simplesmente não lê o manual e o instala em casa. Muitos roteadores têm senhas
padrão e as pessoas deixam desse jeito”, afirma.
Para quem não tem familiaridade com a tecnologia, mas
gostaria de utilizar essas ferramentas, ela recomenda pesquisar sobre os
equipamentos antes da compra. “Na internet há muitos vídeos e materiais que
podem dar uma ideia sobre as possíveis vulnerabilidades dos produtos, como eles
foram produzidos. Esse pode ser um bom caminho para se proteger”, avalia
Christiane.
Ana Elisa Santana - Repórter da Agência Brasil
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