Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil |
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
considerou "inaceitável" o Índice de Homicídios de Adolescentes no
Brasil (IHA), que atingiu em 2012 o maior patamar de sua série histórica. O
Unicef participou da pesquisa divulgada nesta quarta-feira (29) pelo governo federal, o
Observatório de Favelas e o Laborarório de Análise da Violência da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (LAV-Uerj). O Brasil só fica atrás da Nigéria em
números absolutos de adolescentes mortos.
"De alguma forma, é uma expressão das desigualdades no
Brasil, e o Unicef reconhece que a situação das desigualdades está melhorando,
mas essa é uma crise absoluta e inaceitável", disse Gary Stahl,
representante do fundo no país. Para ele, "é inaceitável que um país com
tantos avanços na área de direitos humanos não esteja conseguindo evitar as
mortes desses meninos”. Segundo Stahl, o Brasil está diante de um problema
complexo e urgente que “exige uma mobilização nacional".
O representante do Unicef ressaltou que o grande número de
homicídios não solucionados agrava o problema. Para ele, isso dificulta a
avaliação das políticas públicas adotadas pelo país. "Fica muito difícil
saber se as políticas públicas estão no rumo certo."
Além de ser o segundo país em números absolutos, o Brasil
tem a sexta maior taxa de homicídios entre adolescentes: "Entre 192
países, o Brasil é o segundo ou o sexto. Nem um nem outro é um lugar onde o
Brasil quer estar", disse o representante do Unicef.
Gary Stahl afirmou que a violência vitimiza mais alguns
grupos do que outros. Para ele, trata-se de uma “violação brutal e sistemática”
dos direitos de crianças e adolescentes, especialmente negros que vivem na
periferia das cidades.
O secretário nacional da Juventude, Gabriel Medina,
ressaltou que os dados mostram que o caminho é o oposto do armamento da
população e da redução da maioridade penal. Medina acrescentou que parte da
sociedade encara os adolescentes como autores da violência, quando, muitas
vezes, são as vítimas.
Segundo a pesquisa divulgada hoje, a o Índice de Homicídios
de Adolescentes do Brasil atingiu o maior patamar da série histórica em 2012,
com a projeção de que, de cada mil adolescentes que tinham 12 anos em 2012,
3,32 vão morrer assassinados antes de completar 19 anos. Com esse IHA, o país
perderia 42 mil adolescentes entre 2013 e 2019 vítimas de assassinato.
Fonte: Agência Brasil