Recentemente, o Jornal O Popular,
com grande circulação no Estado de Goiás, publicou a matéria intitulada “Uma
Bomba de Chorume na água” (http://www.opopular.com.br/editorias/cidades/bomba-de-chorume-na-%C3%A1gua-1.664888?ref=bbd).
A mesma matéria listava as cidades do Estado de Goiás que não estão em
conformidade na Manutenção de seus Aterros Sanitários ou os propriamente ditos
“Lixões”.
Pois bem, analisando a Matéria,
pude observar que a região do Sudoeste Goiano, possui várias destas cidades,
dentre elas, a Cidade de Caçu, banhada pelo Rio Claro e detentor de um enorme
lençol freático e, que devido às condições em que se encontram o lixão da
Cidade, pode sim, atingir este mesmo lençol freático, causando doenças graves,
dentre elas, o Câncer.
O Chorume é uma substância
líquida que resulta do processo de apodrecimento de matérias orgânicas. O mesmo
é encontrado com facilidade em lixões e aterros sanitários e, possui um cheiro
muito forte e desagradável, o que pode atrair moscas, roedores e até mesmo
animais domésticos, como os cães e gatos, o que também podem gerar uma série de
outras doenças nos seres humanos.
Para o Meio Ambiente, o Tratamento
deste líquido se apresenta de forma muito importante. Caso esse Chorume não
seja tratado, o mesmo pode atingir lençóis freáticos, rios, córregos, lagos e
nascentes, levando consigo, contaminação. Assim, os peixes podem ser
contaminados e, caso, a água contaminada seja utilizada para irrigação, podem
contaminar também, os alimentos, como verduras, frutas e legumes. São fatores
essenciais para a manutenção da Saúde Humana. E, por isso, o Poder Público deve
incentivar a coleta seletiva do lixo e investir na educação ambiental, através
de Campanhas em escolas e instituições.
Em algumas cidades Goianas, o
Chorume de Inúmeros lixões está presente a alguns metros do lençol freático e
dos rios que preservam a água do abastecimento Público. Essa substância líquida
é mais concentrada e poluente até mesmo, do que o Esgoto.
Agora, voltando à Cidade de Caçu,
linda por Natureza e Histórica pelo seu acervo, dispõe de um “Lixão”, que está
há aproximadamente 4 Quilômetros do Centro da Cidade e que não recebe nenhum tipo
de tratamento adequado. Não tem valetas para a seleção do lixo, além de o mesmo
ser queimado 24 horas por dia, gerando fumaça tóxica, mau cheiro e um fator
para a propagação de Doenças. Estive lá há algumas semanas e pude comprovar. No
momento em que visitava o local e fazia fotografias, dois cães, comendo ali
carniça, insistiam em me acompanhar e lamber minhas pernas. Um local que fica
às margens de uma Estrada Vicinal e, que no meio do lixo, cachorros e pássaros
dividem ali, os alimentos e carniças que são ali despejados.
Outro fator observado, é que a
área do Lixão faz divisa com uma fazenda, onde o Gado Nelore, pasta ali
normalmente, também, correndo o risco de contaminação. Tudo isto, já observado
e proibido na Lei que trata da instalação e tratamento de Aterros Sanitários.
Pois bem, Cidades que têm Lixões
assim, correm outro risco eminente: A intoxicação através do Gás Metano,
altamente perigoso. Para ilustrar este fato, vou aqui narrar um caso que foi
noticiário em todo o Brasil.
Em Niterói, no Rio de Janeiro, mais
precisamente, no Morro do Bumba, um deslizamento de terra matou pelo menos 35
pessoas. Esta tragédia foi um alerta para as condições de vida de famílias que
constroem moradias nas áreas onde já funcionaram lixões. Esta área em que foram
construídas estas casas, em Niterói, há mais de 50 anos, foi um depósito de
lixo e, que de acordo com especialistas e estudiosos, este deslizamento pode
ter sido provocado devido o acúmulo de gases, o que contribuiu com uma
posterior explosão.
Outro fator, que inclusive já foi
destacado pelo Geólogo Paulo Lima, é que se houver o vazamento desse Gás
(Metano) para um lugar fechado, como uma casa, por exemplo, e se houver uma
fagulha de fogo, como um isqueiro, fósforo, fogão ou curto-circuito na Rede elétrica,
o risco de o local explodir é muito alto.
Especialistas apontam que o Gás
Metano ou a Poluição do Lençol Freático pode causar Câncer, Náusea, Vertigens,
Sonolência e irritação nas narinas e nos olhos. Isto é o que explica Cícero
Antônio Antunes Catapreta, Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos
Hídricos, da Universidade Federal de Minas Gerais. Ele relata, ainda, que o
Chorume pode “conter altas concentrações de metais pesados e de
micro-organismos altamente nocivos à Saúde humana, principalmente, em Mulheres
grávidas.
Estudos de outros países sugerem
que gestantes que moram em lugares próximos aos locais de disposição inadequada
de resíduos (domiciliares ou industriais) podem dar à luz a crianças com baixo
peso e deficiência de estatura.
Assim, afirmamos que pessoas de
qualquer idade correm o risco de se contaminar e adquirirem doenças provocadas
pelas emissões descontroladas nessas áreas, porém, as crianças e as pessoas
idosas são as que correm mais perigo.
Para o Geógrafo Otávio Cabrera de
Léo, que fez uma tese de Mestrado em 2006 sobre a situação dos aterros na
cidade de São Paulo, o afastamento das pessoas é necessário porque, quanto mais
próximas dos locais de decomposição, maior a vulnerabilidade. Como essas
populações não têm como deixar essas áreas de risco, um jeito de diminuir o
problema é separar o lixo úmido do seco para que eles não caiam no mesmo lugar
e aumentem o poder de contaminação.
CAÇU: UMA BOMBA DE CHORUME NA ÁGUA?
A Cidade de Caçu, com seus poucos
mais de 15 Mil Habitantes, pode sim sair desta rota da Periculosidade. Como?
Simples! Em anos passados foi criado o Código Ambiental do Municipal e criados
seus devidos Conselhos e regido por um Estatuto próprio. Nele há significantes
meios de se prevenir e de se adequar.
Recentemente, uma brilhante ação realizada
através da Prefeitura Municipal e parceiros, fizeram a limpeza do Rio Verdinho.
Das margens do mesmo foi retirado lixo e mais lixo. Afinal de contas, de tudo
se encontrou ali, até mesmo, carcaça de móveis. Importante iniciativa na
preservação do meio ambiente.
Outra ação que pode ser, também,
realizada, com este mesmo intuito de preservação, são as Campanhas realizadas
junto a Rede de Ensino, buscando a conscientização da comunidade. Às margens do
alagado, o que se vê aos fins de semana, é um amontoado de lixo, latas de
cerveja e cacos de vidro, que acabam caindo na água e oferecendo perigo para
quem busca o local exuberante para nadar, brincar, divertir-se com a família,
ou até mesmo, praticar esportes ou fazer ali a sua pescaria.
E O LIXÃO? O QUE FAZER?
Os Poderes constituídos, como o
Legislativo e Executivo, podem buscar recursos Estaduais e Federais, para
normatizar aquilo que é hoje é um fétido depósito de lixo. O que agora pode ser
um fator de Risco à saúde humana, pode amanhã, ser exemplo para todo o Estado
de Goiás e, não mais ser citada como “UMA
BOMBA DE CHORUME NA ÁGUA”. O individualismo ou partidarismo, não levará a
nenhuma solução, porém, a Comunidade Caçuense clama por Projetos inovadores
para a Preservação do Meio Ambiente, melhorando, consequentemente, a saúde de
sua gente.
Sabemos nós, que a Coleta
Seletiva do lixo não é fácil ser implantada, porém, sabemos ainda, que esta
mesma coleta e o tratamento do lixo não são impossíveis, quando se tem união
política e empenho popular.
Sousa Filho